2006-04-30

Os textos que acabei de divulgar ...

Os textos que acabei de divulgar
(“Eles Diziam”, “Beber Sol”, “Muro”, “Olharam os Meus Olhos”, “Paisagem”, “Espelho Meu”), são poemas extraídos do livro por publicar “Grito da Mar” e foram escritos já há muitos anos. Quando os releio penso se não os deveria partilhar, da mesma forma que ao ver fotos onde registei momentos que não se repetem mas podem sempre ser relembrados.

“Espelho Meu”

Sonhar é voar através da imaginação solitária. Sonhar com histórias irreais que por vezes se tornam em realidade! Divagar ao som do silêncio ouvindo o que está a gritar dentro de mim, a gritar de uma forma sufocante porque se mantém às voltas cá dentro sem arranjar maneira de se fazer ouvir cá fora! Observar o vazio que anda perdido a rodear-me e a encurralar-me aos poucos. É um vazio tão cheio e indefinido que me deixa apática, sem reacção... fico à espera do que não vem, espero ouvir quem não tem nada para me dizer... não digo o que sinto porque fico com a sensação que estou a falar com um espelho que reflecte uma imagem, mas não diz, nem reflecte o que sente... se é que sente alguma coisa!

“Paisagem”

O silêncio invade-me a alma que sonha sozinha com algo indefinido... algo que não se quer definir apenas existir e ser sonhado... o que me rodeia é tão imenso que torna a minha solidão insignificante!

“Olharam os Meus Olhos”

Olhares que surgem sem razão aparente
Olhares perturbados que passam na nossa mente
Olhares fixos e monótonos sem expressão aparente
Olhos nos olhos rodeados de gente
Olhares cheios de sentimentos secretos e silenciosos.

“Muro”

Quando a noite cai
Ela vai-se embora
E podemos saltar o muro da verdade
Porque ela já não nos segue
Nem nos imita.

Se o dia vem
Ela volta a seguir-nos
E não a podemos enganar
Temos que ficar a olhar o muro
Sem o saltar.

Saltar o muro da verdade
Mentindo à própria sombra
Sombra que não se engana
Sombra que nos segue
E nos imita.

“Beber Sol”

Acordei sem vontade
Para mais um dia que me espera
Procuro nas minhas lembranças
Os sonhos que aqui me trouxeram.

Preciso de beber sol
De sentir a luz entrar em mim
Daquele cegar que me conforta
E apagar a realidade por mim vista.

Não paro de esfregar os olhos
Eles pedem os meus dedos
Para os confortar e aliviar
Do ardor que insistem sentir.

Vou procurar água para me levar
Este torpor que me domina
Esta alergia ao indefinido
Que interrompe a minha sanidade.

“Eles Diziam”

Como te chamas?
Tens namorado?
Às vezes
Deixa-te de ideias.

Que idade tens?
Treze anos
Não gosto de estudar
Tenho o quinto ano.

Como te chamas?
Já me conheceste
Não me lembro
Mas eu sei o teu nome.

Se quiseres levo-te lá
Tens aqui o meu contacto
Fica para a próxima
Vou ficar à espera.

2006-04-27

"Atrás da sombra"





Uma foto perdida

atrás de umas grades,

que escondem umas sombras

do que éramos...

"Fragmentos de Despojos"


Posso até não fazer o que os outros mais apreciem...
posso até expôr e ninguém gostar ou adquirir...
Mas depois de observar os que me rodeiam, que são vocês,
é isto que consigo transmitir-vos.
E da introspecção do meu ser que se abstraí desta realidade,
fala um eu que apenas se revela depois de terminado
e nunca antes de o ter imaginado!

E alguém me respondeu:

"FRAGMENTOS DE DESPOJOS II

Posso até fazer o que os outros apreciam.
Posso até expôr para gostar ou adquirir.
Mas se nunca observar os que me rodeiam, que não existem,
é isto que me recuso a transmitir.
E nunca, na introspecção do meu ser,
que se tornará real nesta ilusão, ficará o silêncio
de um mundo impossível de resolver depois de nascido
e nunca antes de ter realmente acontecido."